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Psicanálise & Educação

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terça-feira, 11 de maio de 2010

A IMPORTÂNCIA DA PSICANÁLISE NA EDUCAÇÃO



Davy Litman Bogomoletz -
Psicanalista do Círculo Psicanalítico do Rio de Janeiro-Tradutor para a Imago Editora dos títulos:
 Natureza Humana ´por D.W.Winnicott –
 O Filho Ilegítimo por Gérard Haddad
 Freud - Um Judeu sem Deus por Peter Gay
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Na Europa e na América do Norte, os conhecimentos derivados da psicanálise vêm sendo usada na educação, por exemplo, já há um bom tempo, e ela não é tão rechaçada quanto aqui
Davy, por que a psicanálise para quem lida com educação? Não é um tratamento, voltado para as doenças, pouco tendo a ver com o que se passa entre professores e alunos?
Eu poderia dizer que não é bem assim. Posso fazer uma analogia com a medicina. Sabemos que ‘medicina’ significa uma série de técnicas capazes de lutar contra um grande número de doenças. Mas em que se baseia a medicina? Principalmente em dois conjuntos de conhecimentos, um chamado anatomia, e o outro, fisiologia. Por um lado, a anatomia é fundamental não só para a cura de doenças, mas também para a educação física, a reabilitação, o esporte, a fisioterapia, etc. Não sei que usos tem a fisiologia fora da medicina, mas creio que a nutrição tem nela uma base fundamental para poder funcionar. Assim, nem só de doenças vive o conhecimento sobre o corpo humano.
A psicanálise é constituída de duas partes: As teorias sobre o funcionamento humano em termos psicológicos, e as técnicas de tratamento. Da mesma forma que a anatomia e a fisiologia, conhecimentos fundamentais, dão uma base sólida a todas aquelas especialidades acima mencionadas, o conhecimento psicanalítico também fornece fundamentos para uma série de atividades, tais como a educação, a psicologia (individual e social), agora a psicopedagogia, etc.
Por que, então, tanta dificuldade para a aceitação da psicanálise em situações não patológicas?
O problema é que numa sociedade fechada como era a nossa até poucas décadas atrás, o conhecimento do que se passa nos bastidores da consciência era tido como perigoso, porque quanto mais fechada a sociedade, maior o teor de preconceitos usados contra o outro e de disfarces para melhorar a própria imagem, e a psicanálise questiona tudo isso. Na Europa e na América do Norte, os conhecimentos derivados da psicanálise vêm sendo usada na educação, por exemplo, já há um bom tempo, e ela não é tão rechaçada quanto aqui.
E por que Winnicott, e não outro teórico da psicanálise?
A resposta aqui é uma continuação da idéia anterior. É que Winnicott, sendo a terceira geração na história da teoria psicanalítica (as primeiras, óbvio, eram Freud e Melanie Klein), já encontrou muitos caminhos abertos, a teve como ir mais adiante. Até então a psicanálise lidava basicamente com doenças e técnicas de tratamento. Embora Freud dissesse, por exemplo, que o Complexo de Édipo era universal e funcionava como base para a personalidade, independente de doenças ou não, sua preocupação era principalmente com as patologias causadas por esse complexo. E Melanie Klein, embora usasse o brinquedo como técnica de tratamento, não parou para discutir o brincar em si mesmo, como manifestação normal da criança. Winnicott, além do mais, foi pediatra por 40 anos, além de psicanalista, e teve um contato muito prolongado com um número enorme de crianças que só estavam doentes fisicamente, e podiam ser consideradas psicologicamente saudáveis. Esse contato com as crianças que não tinham qualquer comprometimento psicológico o convenceu, creio eu, de que a psicanálise não podia restringir-se à compreensão da doença psíquica, precisava ir além e tentar entender o funcionamento da mente humana sem a interferência da doença. Atualmente há tentativas de aplicar também as teorias de Lacan, por exemplo, à situação da criança e da aprendizagem, mas não sou especialista em teoria lacaniana, de modo que não posso falar muito sobre isso.

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